quarta-feira, 6 de maio de 2009

Jonathan Tavernari, o futuro promete..

Quando o despertador toca às 6h na pequena cidade de Provo, em Utah, no Oeste dos Estados Unidos, nem a neve impede que Jonathan Tavernari pule da cama para a quadra. No campus da Universidade de Brigham Young, o ala de 20 anos pratica arremessos. Sozinho. Com uma fome incomum para treinar, jogar e - acreditem - estudar, o garoto nascido em São Bernardo (SP) brilha pelos Cougars no basquete universitário americano e tem tudo para ser o próximo brasileiro a estourar lá fora.

Forte na defesa e dono de um arremesso preciso, o jogador está em sua segunda temporada na BYU, mas prefere a cautela na hora de comentar o sonho de jogar na NBA. Antes de fazer o salto para a liga profissional, ele quer se formar em Comércio Exterior.
- Já até sei quando vou inscrever meu nome no draft: em 2010, assim que me formar na universidade e cumprir a promessa que fiz para a mamãe - explica, em entrevista a ESPN Universitary.

''Se vou ser convocado para a seleção, isso eu não controlo. O que sei é do sonho de representar meu país e ouvir o Hino Nacional no pódio de uma Olimpíada ou um Mundial" - Jonathan Tavernari, ala da BYU''

A mamãe, no caso, é Thelma Tavernari, treinadora de basquete conhecida pelo ótimo trabalho que faz nas categorias de base em São Paulo. Ela moldou o já famoso arremesso de Jonathan e se orgulha do que o filho tem feito em quadra, mas sabe que a educação vem em primeiro lugar.
- Meu grande orgulho foi o Jonathan ter sido o melhor aluno da faculdade. Ele está jogando super bem, mas primeiro tem que se formar - explica Thelma, que até tentou colocar o garoto no judô, mas se rendeu e espalhou tabelas de basquete pela casa em São Bernardo quando JT tinha apenas 6 anos.

Seleção, se vier é lucro..

O resultado se reflete na quadra. Nas duas últimas rodadas, o brasileiro foi fundamental para garantir as vitórias contra New Mexico (fez 19 pontos) e Air Force Academy (22 pontos, quatro rebotes e quatro assistências). A BYU é vice-líder de sua divisão, com 16 triunfos e apenas cinco derrotas.

Mesmo com tanto destaque, Tavernari não cria expectativas de ser convocado para a seleção brasileira, que vai disputar o Pré-Mundial sob o comando do espanhol Moncho Monsalve.
- Se vou ser convocado ou não, isso eu não controlo. O que sei é do sonho de representar meu país e ouvir o Hino Nacional no pódio de uma Olimpíada ou um Mundial - explica Jonathan, que não perde as ligações com o Brasil mesmo já estando 100% adaptado à vida em Utah, onde costuma dar autógrafos numa simples ida ao supermercado ou num jantar com a namorada.

"O que eu realmente admiro nele é o espírito competitivo" - Dave Rose, técnico de Jonathan na Universidade de Brigham Young, nos EUA

Técnico americano é só elogios ao brasileiro:

Se Moncho Monsalve quer um bom arremessador com senso apurado de defesa, talvez seja bom dar uma olhada em Tavernari. Quem garante é o técnico do brasileiro na BYU, Dave Rose.
- Ele tem feito um excelente trabalho marcando jogadores mais altos e mais fortes. Além disso, é um ótimo arremessador de média e longa distância e tem uma presença física muito forte na quadra. Mas o que eu realmente admiro nele é o espírito competitivo - derrama-se Rose, em entrevista por e-mail, de Provo.
Na cabeça de Jonathan, a mistura perfeita entre ataque e defesa tem uma inspiração clara nas quadras da NBA:
- Kobe Bryant é meu maior ídolo. Sempre que piso na quadra, imagino que eu sou ele. Assisto aos jogos do Los Angeles Lakers e tento fazer o que ele faz. É um cara fenomenal - conta o brasileiro, que fez um trabalho específico para melhorar a capacidade física na última pré-temporada.

"Nos Estados Unidos, vou para a quadra com ele e acabo dando treino para outros jogadores. Todo mundo quer que eu corrija o arremesso e deixe igual ao do Jonathan" - Thelma Tavernari, mãe do brasileiro

Apesar dos treinamentos de altíssimo nível dos americanos, Jonathan não dispensa a ajuda da mãe. Quando está no Brasil, Thelma ouve os jogos do filho pelo rádio na internet - "Ah, eu dou muita bronca", reconhece ela. Mas quando vai aos Estados Unidos, a mãezona dá lugar à treinadora.
- Vou para a quadra com ele e acabo dando treino para outros jogadores. Todo mundo quer que eu corrija o arremesso e deixe igual ao do Jonathan - diverte-se Thelma, que trabalha no Pinheiros.

E ela nem precisa caprichar na comida caseira, porque o próprio filho já é craque na cozinha.
- Faço de tudo um pouco: comida chinesa, italiana, mexicana, brasileira, depende da ocasião - conta Tavernari.
Além das iguarias, ele também costuma devorar livros religiosos - Utah é a sede da igreja dos mórmons - e peças de Shakespeare. Uma das favoritas é "Sonho de uma noite de verão". Quem sabe o próximo verão do México, onde o Brasil buscará a vaga mundial, ou o verão americano de 2010, quando poderemos ganhar mais um representante na NBA...

Um comentário: