domingo, 5 de abril de 2009

O que todo jogador devria saber.. - Parte 2

Que executar um corta-luz ou um bloqueio requer bons conhecimentos de mecânica corporal, sentido espacial,e principalmente atitude tática.Se deslocar com os braços juntos ou cruzados ao corpo, sugerindo ausência de intenções à faltas pessoais, mas deslocando o corpo no sentido do adversário visando cortar seu caminho, caracteriza não somente o ato faltoso, como anula qualquer vantagem conseguida por seu companheiro de jogada, pois a supremacia numérica no desenlace do movimento deixa de existir. A atitude mais comum em nosso basquete, e já bastante generalizada em todas as categorias, é a saída rápida de um dos pivôs para a além da linha dos três pontos, ao mesmo tempo em que o armador ou ala de posse da bola cruza com o mesmo em um movimento também muito rápido, no momento em que o pivô exerce um movimento blocante quase sempre em movimento, sobre o marcador do companheiro que dribla.



Dois são os erros cometidos, o da movimentação do pivô se caracterizar em falta pessoal, e o armador seguir em frente marcado após a troca. O corta-luz corretamente executado propicia o bloqueio duplo dos dois defensores envolvidos na jogada, originando o escape livre do driblador, ou a fuga do bloqueador para a recepção do passe, e muito aquém do que se tornou lugar-comum, os movimentos podem, e muitas vezes devem ser lentos na construção do corta-luz, e rápido em sua finalização. Em outras palavras, o driblador deve encaminhar seu marcador lenta e pacientemente numa direção, ou local, em que ocorrerá o encontro com seu companheiro, de tal forma que o mesmo numa movimentação de pés em compasso, tanto prenda o marcador de seu companheiro, como junte ao mesmo o seu próprio marcador.

Para tanto, o driblador ato antecedendo ao bloqueio mudará de direção, de tal forma que passe rente ao seu companheiro, originando dessa ação duas variáveis.A primeira, quando em velocidade de explosão mantiver os dois defensores atrás de si, permitindo sua livre investida à cesta. A segunda, raramente utilizada entre nos, quando o bloqueador ao se situar entre os dois defensores investir ele mesmo em direção à cesta concomitante ao passe executado por seu companheiro por cima daqueles. O primeiro corta-luz denomina-se “por fora”, o segundo, obviamente “por dentro”. São movimentos que não necessitam velocidade inicial, e sim em seu desfecho.

O domínio espacial nesses sutís movimentos constitui o cerne do corta-luz bem executado, pois não são todos os jogadores que o possui, e quase nenhum sequer sabe utilizá-lo e desenvolvê-lo. O posicionamento futuro dos defensores em um trecho da quadra de jogo é o fator predominante para o sucesso de um eficiente corta-luz, e cabe em grande parte aos dois atacantes envolvidos no mesmo o direcionamento dos defensores no sentido da ação pretendida. O ponto futuro tão importante nos passes encontra na construção de um corta-luz sua dimensão maior, pois envolve destreza no drible, na finta, no bloqueio e no passe.

O movimento em forma de compasso exercido pelo responsável nos bloqueios será sempre antecedente à movimentação do driblador, e nunca concomitante, pois dessa forma estará se movimentando no momento do bloqueio, o que caracteriza a falta pessoal. Por essa razão, o domínio espacial se torna fundamental, pois antecede a jogada que está sendo conduzida pelo driblador. Outrossim, essas movimentações podem e devem ser estabelecidas quando o corta-luz for realizado por dois jogadores sem a posse de bola.

Jogadas do lado contrário a posição da bola deveriam SEMPRE obedecer a mecânica dos corta-luzes, sejam por dentro, ou por fora. Uma equipe bem organizada e treinada executará com eficiência, e muitas vezes ao mesmo tempo corta-luzes em situações antagônicas, dando a mesma um poder de ataque em que os marcadores dificilmente possam flutuar defensivamente, preocupados pela constante movimentação à sua volta. O bloqueio simples difere num ponto dos corta-luzes, ele é sempre realizado por dois jogadores sem a bola, geralmente no âmago do garrafão, e quase sempre em movimentação sagital à cesta. A função do bloqueio é a de retardar por uns momentos a ação defensiva, e não a anulação da mesma.

Esse retardo pode propiciar um bom passe de fora para dentro do garrafão, e muitas vezes um bom atacante pode se utilizar de um outro marcador desvinculado visualmente de si para, num breve,porém rápido deslocamento lançar seu próprio marcador nas costas do mesmo, obtendo dessa forma de bloqueio espaço para sua jogada. O principal elemento técnico para quem exerce o corta-luz é o amplo posicionamento, o maior possível, de seu corpo e pernas, no intuito de oferecer um maior obstáculo aos marcadores, assim como, a maior qualidade que se exige ao driblador, ou não, envolvido na ação, é o de aproveitar ao máximo as possibilidades que em frações de segundo se apresentam em sua consecução.

A atitude tática envolve basicamente o perfeito controle que possa ser exercido por sobre as variações nas velocidades de deslocamento, antes, durante e após o corta-luz, que se aproximará da perfeição quando construído com lentidão, desenvolvido com inteligência e concluído em velocidade. Mas, a maior qualidade dos corta-luzes para uma equipe, é grande possibilidade que os técnicos têm de desenvolver bons e efetivos exercícios aproveitando suas particularidades técnicas, as quais representam o ápice dos conhecimentos fundamentais do jogo, sem os quais nenhum jogador pode se considerar efetivo para sua equipe.

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