segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ubiratan fica fora do Hall da Fama

Michael Jordan, considerado o melhor jogador de basquete de todos os tempos, foi anunciado nessa segunda como parte da Classe de 2009 do Hall da Fama de Basquete Naismith Memorial. Ele entrará no prestigioso salão nobre ao lado de dois companheiros do “Time dos Sonhos” americano, campeão olímpico em 1992: o pivô David Robinson e o armador John Stockton. O treinador do Utah Jazz, Jerry Sloan, e a treinadora do time feminino da universidade de Rutgers, C. Vivian Stringer, completam a classe. O brasileiro Ubiratan foi indicado, mas não foi incluído na classe.

Para ser eleito, um indicado precisa de 18 dos 24 votos do Comitê de Honras do Hall, nomeado Naismith Memorial em homenagem ao criador do esporte, James Naismith. Coincidentemente, o Hall completa 50 anos em 2009, justamente o primeiro ano em que Jordan poderia ser eleito, seis anos após sua aposentadoria oficial das quadras. Da classe eleita, com a exceção de Stringer, indicada em anos anteriores, todos foram aceitos em sua primeira indicação. A introdução da nova classe acontecerá entre os dias 10 e 12 de setembro em Springfield, Massachussets, sede do Hall. O anúncio dos eleitos foi feito em Detroit, onde será disputada a final do torneio da NCAA, nesta segunda-feira.

Jordan foi seleção unânime e seu currículo de conquistas já seria o suficiente para explicar o porquê: Um título nacional universitário, duas medalhas de ouro olímpicas, seis títulos da NBA - em todos os seis, foi nomeado o MVP das Finais -, cinco prêmios de MVP da NBA na temporada regular, 10 vezes cestinha da temporada da NBA e 14 vezes selecionado para o Jogo das Estrelas. Porém, sua carreira foi muito mais do que isso. Apelidado “Air Jordan” por seu repertório de enterradas e jogadas acrobáticas, MJ ajudou a mudar o perfil do jogo, criando uma legião de seguidores que tentaram emular seu estilo de jogo “acima do aro” e intenso na defesa. Após 15 anos de carreira que incluíram seis títulos da NBA em oito anos e uma passagem de dois anos pelo Washington Wizards, Jordan se aposentou em 2003 com 32.292 pontos, o terceiro maior total da história da liga, atrás apenas do Hall of Famer Kareem Abdul-Jabbar e de Karl Malone - este último deve ser aceito no Hall no ano que vem, seu primeiro ano de eligibilidade. Sua média de pontos por jogo, 30,12, é a melhor da história, à frente dos 30,07 do Hall of Famer Wilt Chamberlain.

E pensar que Jordan foi cortado do time de basquete de sua escola em seu segundo ano de ensino médio, por ser considerado “muito baixo”, com 1,80m. A lenda diz que o garoto se trancou no quarto àquela noite e jurou jamais esquecer a esnobada. Após um ano de treinamento intensivo, MJ cresceu 10cm e conseguiu a vaga no time principal da escola Emsley A. Laney. Em sua última temporada escolar, teve média de triplo-duplo, e ganhou uma bolsa de estudos para jogar pela universidade de North Carolina. Em seu primeiro ano sob o comando do técnico Dean Smith, foi o Calouro do Ano de sua conferência, a ACC, e em 1982, fez a cesta do título para os Tar Heels na decisão da NCAA, contra a universidade de Georgetown, de Patrick Ewing, que se tornaria um de seus maiores rivais no basquete profissional. Naquele time, Roy Williams, treinador da equipe de UNC que disputa a final universitária nesta segunda-feira à noite, era assistente técnico de Smith.

Jordan foi o Jogador Universitário do Ano em 1984 e liderou os Estados Unidos à medalha de ouro olímpica nos Jogos de Los Angeles em 1984, mas naquele ano, recebeu outra esnobada: foi apenas o terceiro escolhido do draft da NBA. O Houston Rockets selecionou o pivô Hakeem Olajuwon na primeira posição e o Portland Trail Blazers pegou o pivô Sam Bowie em seguida. Jordan caiu nos braços do Chicago Bulls e começou sua carreira profissional vitoriosa, que incluiu um título sobre o Blazers em 1992. Houston e Olajuwon - eleito para o Hall da Fama no ano passado - só foram ganhar seus dois títulos quando Jordan, já um tricampeão, largou o basquete para realizar um sonho de jogar beisebol. Após uma temporada e meia afastado, o ala-armador voltou em meio ao campeonato de 1994-95, mas seu Bulls ficou no meio do caminho nos playoffs. No ano seguinte, porém, liderou a equipe à melhor campanha da história da NBA, 72 triunfos e, somente 10 derrotas, e iniciou outro tricampeonato consecutivo.

Fora de quadra, Jordan também revolucionou. Seus contratos milionários de publicidade viraram a norma para atletas de primeira linha e seus comerciais fizeram sucesso por todo o mundo. Sua atuação nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992, com o primeiro time profissional americano a disputar uma Olimpíada, também ajudou a divulgar o basquete pelo mundo e trazer uma nova legião de praticantes. Os astros europeus Tony Parker, do San Antonio Spurs, e Dirk Nowitzki, do Dallas Mavericks, já admitiram que passaram a jogar basquete por causa de MJ.

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